quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O CHAMADO DE DEUS





















O chamado de Deus

Muitas vezes falamos: “estou com vontade de comer uma coisa, só que não sei o que é...” então vamos à cozinha abrimos a geladeira, à dispensa olhamos dentro dos armários, lembramos do pote de doces na mesinha da sala ... até “beliscamos” algo... mas a sensação de “fome” permanece até que não tenhamos encontrado o “alimento” desejado. Considerando as devidas proporções, com o chamado de Deus acontece algo muito parecido. Primeiramente sentimos uma leve sensação de vazio, nostalgia, inquietação... às vezes expressamos: “não sei, hoje não estou bem”, iniciamos então a busca... fazemos um passeio com amigos, lemos um livro, assistimos o programa preferido,conferimos nossos e-mail’s e nada... Depois dessa experiência de busca ‘fracassada’, sem perceber silenciamos e voltamos para nosso interior... de repente nos damos conta de que aquilo o qual mais desejamos habita no mais íntimo de nós e mais, pode estar nos convidando, com muito amor e delicadeza, para assumirmos em nossa vida seu modo de viver. Então nossas questões interiores começam a fazer sentido! Experimentamos um misto de satisfação, angústia, medo, paixão. Uma chama é acesa em nosso coração. A vontade é de sair cantando e contando para todos, mas ao mesmo tempo guardamos em nosso íntimo, pois alguns sentimentos só fazem sentido e são compreendidos por aqueles que se amam.
Se existe algo que nós não compreendemos e de certo modo desejamos, embora sintamos medo, é o chamado de Deus. Carlo Carreto inicia seu livro “Cartas del desierto” ressaltando exatamente sobre isso: “O chamado de Deus é algo misterioso, porque vem da obscuridade da fé. Além do mais, possui uma voz tão suave e discreta, que necessita de todo o silêncio interior para percebê-lo. E, sem dúvida, não há nada tão decisivo e perturbador sobre a terra, nada mais seguro e mais forte na vida de alguém”. Esse chamado de Deus é contínuo, embora existam momentos que marcam de modo definitivo a vida da pessoa chamada. Essa experiência de sentir-se chamada (o), seduzida (o) e acolhida (o) por Deus é seguramente a mais gratificante em nossa existência.
O compositor e escritor Pe. Zezinho escreveu uma mensagem muito bonita “Um Deus que me Chama”, nela, o autor aponta que este Deus que nos chama, do qual temos apenas “uma pálida idéia, imagem nenhuma”, é constante em seu chamado, em sua escolha. De uma forma simples e profunda o autor descreve a experiência de ouvir uma voz que chama: “existe um Deus que me chama, sinto-o quase todos os dias, às vezes de manhã, às vezes à tarde, às vezes à noite, às vezes por semanas... de repente Ele some... quando penso que já esqueceu, então Ele volta e torno-me a sentir chamada...”
Quem já sentiu a suave e clara palavra de Deus chamando jamais esquece. Pois, conforme diz a canção: “é como a chuva que lava, é como fogo que arrasa, Tua Palavra é assim não passa por mim sem deixar um sinal”. Sua voz imprime no coração uma marca que é o rosto do próprio Cristo. E corresponder a esse chamado da melhor maneira possível passa a ser o sentido maior de nossa vida, embora em muitos momentos nos “distraiamos”. Mas o significativo é que Ele mantém-se fiel à escolha e reafirma no íntimo de nosso coração: “Não fostes vós que me escolheste, mas Eu que vos escolhi!”. Escolhi você para estar comigo, para ser minha (meu) discípula (o) e missionária (o). Ao abrirmos espaço em nosso interior a para a novidade da Palavra de Deus ela nos fecunda, nos renova e nos lança sempre mais em direção à missão, por mais simples que esta seja. Passamos a perceber o mundo, toda a realidade que nos cerca, de maneira renovada. Sempre mais comprometida!
Provavelmente você já experimentou um pouco do acima descrito. Não sei qual etapa que você se situa (da inquietação, da busca, do encontro). Mas o que tenho certeza é que tudo isso só faz sentido se livremente decidimos aceitar em nossa vida o chamado do Senhor. Assumir em nossa história esta convocação. Difícil? Certamente que sim. Ele mesmo nos apontou que o segredo está na cruz. No entanto nos prometeu seu Santo Espírito, esse fogo abrasador que nos faz retornar correndo a Jerusalém, ainda que seja noite, como fizeram os discípulos de Emaús. Ele capacita-nos. Podemos dizer com a mesma alegria da Bem Aventurada Rita Amada de Jesus, fundadora do Instituto Jesus Maria José: “A vocação é uma graça de Deus!” Somente a graça e o amor de Deus saciam nosso inquieto e faminto coração.
Ir Flavia Moreira, jmj




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