terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por que os jovens abandonam a Igreja?




É sabido que muitos jovens deixam de ser frequentadores ativos da Igreja.
O livro You Lost Me: Why Young Christians are Leaving the Church... and Rethinking Faith [“Fui! - Por que jovens cristãos estão abandonando a Igreja... e repensando a fé”], da Baker Books, analisa uma vasta pesquisa estatística do Grupo Barna para descobrir quais são as razões que levam os jovens para longe da Igreja.
Os autores David Kinnaman e Aly Hawkins analisaram uma enorme gama de estatísticas e apontaram três realidades particularmente importantes sobre a situação dos jovens.

1. As igrejas têm um envolvimento ativo com os adolescentes, mas depois da crisma, muitos deles param de ir à igreja. Poucos se tornam adulto seguidores de Cristo.

2. As razões pelas quais as pessoas abandonam a Igreja são diversificadas: é importante não generalizar sobre as novas gerações.

3. As igrejas têm dificuldade para formar a próxima geração a seguir a Cristo por causa de uma cultura em constante mudança.

Kinnaman explicou que não se trata de uma diferença de gerações. Não é verdade que os adolescentes de hoje sejam menos ativos na Igreja do que os de épocas anteriores. Aliás, quatro em cada cinco adolescentes na América do Norte, por exemplo, ainda passam parte da infância ou da adolescência numa congregação cristã ou numa paróquia. O que acontece é que a formação que eles recebem não é profunda o suficiente, e desaparece quando os jovens chegam à casa dos 20 anos de idade.
Para católicos e protestantes, a faixa etária dos vinte é a de menos compromisso cristão, independentemente da experiência religiosa vivida.
O principal problema é o da relação com a Igreja. Não necessariamente os jovens perdem a fé em Cristo; o que eles abandonam é a participação institucional.
Um fator importante que influencia a juventude é o contexto cultural em que ela vive. Nenhuma outra geração de cristãos, disse Kinnaman, sofreu transformações culturais tão profundas e rápidas.
Nas últimas décadas houve grandes mudanças na mídia, na tecnologia, na sexualidade e na economia. Isto levou a um grau muito maior de transitoriedade, complexidade e incerteza na sociedade.
Kinnaman usa ​​três conceitos para descrever a evolução dessas mudanças: acesso, alienação e autoridade.
Em relação ao acesso, ele salienta que o surgimento do mundo digital revolucionou a forma como os jovens se comunicam entre si e obtêm informações, o que gerou mudanças significativas na forma de se relacionarem, trabalharem e pensarem.
Há nisso um lado positivo, porque a internet e as ferramentas digitais abriram imensas oportunidades para difundir a mensagem cristã. No entanto, também há mais acesso a outros pontos de vista e outros valores culturais, mas com redução da capacidade de avaliação crítica.
Sobre a alienação, Kinnaman observa que muitos adolescentes e jovens adultos sofrem de isolamento em suas próprias famílias, comunidades e instituições. O elevado índice de separações, divórcios e nascimentos fora do casamento significa que um número crescente de pessoas crescem em contextos não-tradicionais, ou seja, onde a estrutura familiar é carente.
De acordo com Kinnaman, muitas igrejas não têm soluções pastorais para ajudar efetivamente aqueles que não seguem a rota tradicional rumo à vida adulta.
Além disso, muitos jovens adultos são céticos quanto às instituições que moldaram a sociedade no passado. Este ceticismo se transforma em desconfiança na autoridade.
A tendência ao pluralismo e à polêmica entre idéias conflitantes tem precedência sobre a aceitação das Escrituras e das normas morais.
Kinnaman observa que a tensão entre fé e cultura e um intenso debate também podem ter um resultado positivo, mas requerem novas abordagens pelas igrejas.
Ao analisar as causas do afastamento dos jovens das igrejas, Kinnaman admite que esperava encontrar uma ou duas razões principais, mas descobriu uma grande variedade de frustrações que levam as pessoas a esse abandono.
Alguns vêem a igreja como um obstáculo à criatividade e à auto-expressão. Outros se cansam de ensinamentos superficiais e da repetição de lugares-comuns.
Os mais intelectuais percebem uma incompatibilidade entre fé e ciência.
Por último, mas não menos importante, tem-se a percepção de que a Igreja impõe regras repressivas quanto à moralidade sexual. Além disso, as tendências atuais a enfatizar a tolerância e a aceitação de outras opiniões e valores colidem com a afirmação do cristianismo de possuir verdades universais.
Outros jovens cristãos dizem que sua igreja não permite que eles expressem dúvidas, e que as eventuais respostas a essas dúvidas não são convincentes.
Kinnaman também descobriu que, em muitos casos, as igrejas não conseguem educar os jovens em profundidade suficiente. Uma fé superficial deixa adolescentes e jovens adultos com uma lista de crenças vagas e uma desconexão entre a fé e a vida diária. Como resultado, muitos jovens consideram o cristianismo chato e irrelevante.
No final do livro, Kinnaman fornece recomendações para conter a perda de tantos jovens. É necessária, segundo ele, uma mudança na maneira como as gerações mais velhas encaram as gerações mais jovens.
Kinnaman pede ainda a redescoberta do conceito teológico de vocação, para se promover nos jovens uma consideração mais profunda sobre o que Deus quer deles.
Finalmente, o autor destaca a necessidade de enfatizar mais a sabedoria do que a informação. "A sabedoria significa a capacidade de se relacionar bem com Deus, com os outros e com a cultura".

Fonte: Zenit

João Paulo II como modelo de sofrimento cristão




O Papa Bento XVI recordou o “lento calvário” que viveu o Beato João Paulo II durante seus últimos anos de vida e assegurou que o Pontífice fizera de sua enfermidade uma “concreta participação no Caminho de Cristo até o Calvário”.
O Papa recebeu no sábado na sala Clementina aos cerca de 500 participantes ao Encontro promovido pelo Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, que refletiram estes dias no Vaticano sobre o tema: “A Pastoral sanitária ao serviço da vida à luz do magistério do Beato João Paulo II”.
“O serviço, a proximidade e o cuidado de irmãos doentes, coloca aqueles que os cuidam em uma posição privilegiada para testemunhar a ação salvífica de Deus, seu amor pelo homem e o mundo. O rosto do Salvador agonizante na cruz, ensina-nos a preservar e promover a vida, em qualquer momento e seja qual for sua condição, explicou.
“Esta visão da dor e do sofrimento iluminado pela morte e ressurreição de Cristo foi testemunhada pelo lento calvário, que marcou os últimos anos da vida do Beato João Paulo II, a quem podemos aplicar as palavras de São Paulo: "Completo em minha carne o que falta aos padecimentos de Cristo, em favor de seu corpo que é a Igreja. A fé firme e segura impregnou sua debilidade física, fazendo de sua enfermidade, vivida por amor de Deus, da Igreja e do mundo, uma concreta participação no Caminho de Cristo até o Calvário”, indicou.
Conforme informa a Rádio Vaticano, o Santo Padre recordou que o "Evangelho da Vida" “é um precioso legado dos ensinos do Beato João Paulo II, que em 1985, constituiu este Pontifício Conselho, para dar testemunho concreto no vasto e complexo campo da saúde”. Há vinte anos, ele estabeleceu a Jornada Mundial do Doente, e, mais recentemente, instituiu a Fundação "O bom samaritano", uma organização de beneficência para os doentes pobres, em alguns países.
“Nos longos e intensos anos de seu pontificado, o beato João Paulo II proclamou que o serviço à pessoa doente no corpo e no espírito constitui um constante compromisso de atenção e de evangelização para toda a comunidade eclesiástica, de acordo com o mandato dado por Jesus aos Doze Apóstolos para sanar os doentes”.
Bento XVI recordou a carta apostólica de seu venerado predecessor Salvifici doloris, na qual João Paulo II escreve: "O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem: é um daqueles pontos nos quais o homem, em certo sentido" vem ‘destinado’, a superar-se a si mesmo, e vem chamado a isto, de uma maneira misteriosa".
“O mistério da dor parece ofuscar o rosto de Deus, fazendo-o quase um desconhecido, ou inclusive assinalando-o como responsável direto dos sofrimentos humanos, mas os olhos da fé são capazes de olhar em profundidade neste mistério”.
“Deus se encarnou, aproximou-se do homem inclusive em suas situações mais difíceis: não eliminou a dor”, afirmou o Pontífice. “O Filho de Deus sofreu até a morte e revelou que seu amor desce até o abismo mais profundo do homem para dar-lhe esperança”.
“No Filho "dado" para a salvação da humanidade, a verdade do amor, vem “provada”, em um certo sentido, mediante a verdade do sofrimento; e a Igreja, nascida do mistério da Redenção da Cruz de Cristo, está chamada a procurar o encontro com o homem, em particular, no caminho de seu sofrimento”.

Fonte: ACI

"É preciso respeitar o Criador e sua criação", diz Papa



Discurso
Aos membros da Associação "Irmã Natureza"
Sala Paulo VI
Segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Senhores cardeais, ilustres autoridades, caros jovens
É com grande alegria que dou a todos as boas vindas neste encontro dedicado ao empenho pela "irmã natureza", usando o nome da Fundação que o promoveu. Saúdo cordialmente o Cardeal Rodrigues Maradiaga e o agradeço pelas palavras que me dirigiu também em vosso nome e pelo dom da preciosa reprodução do código 338, que contém as fontes franciscanas mais antigas. Saúdo o Presidente, Senhor Roberto Leoni,como também as autoridades e personalidades e os numerosos professores e pais. Saúdo sobretudo vocês, caros rapazes e moças, caros jovens! É exatamente por causa de vocês que eu quis este encontro, e gostaria de dizer-vos que aprecio muito a vossa escolha de ser "guardiães da criação", e que nisso tendes o meu apoio.
Antes de tudo, devemos recordar que a vossa Fundação e este encontro tem uma profunda inspiração franciscana. Também a data de hoje foi escolhida para fazer memória da proclamação de São Franacisco como patrono da ecologia da parte do meu amado predecessor, o beato João Paulo II, em 1979. Todos vós sabeis que São Francisco é também patrono da Itália. Talvez, não saibais que quem declarou-o como tal foi o Papa Pio XII, em 1939, quando o definiu "o mais italiano dos santos, o mais santo dos italianos". Se portanto, o santo Patrono da Itália é também patrono da ecologia, me parece justo que as jovens e os jovens italianos tenham uma especial sensiblidade pela "irmã natureza", e se empenhem concretamente na sua defesa.
Quando se estuda a literatura italiana, um dos primeiros textos que se encontram nas antologias é exatamente o "Canto do irmão Sol" ou "das criaturas", de São Francisco de Assis: "Altíssimo, onipotente, bom Senhor" .Esse canto traz à luz o justo lugar que deve ser dado ao Criador, Àquele que chamou à existência toda a grande Sinfonia das criaturas. "Louvado seja meu Senhor, todas as suas criaturas". Esses versos fazem parte justamente da vossa tradição cultural e escolástica. Mas são, antes de mais nada, uma oração, que educa o coração no diálogo com Deus, o educa a ver em todas as criaturas a marca do grande Artista celeste, como lemos também no belíssimo Salmo 19: "Os céus narram a glória de Deus, a obra das suas mãos anuncia o firmamento. Sem linguagens, sem palavras, sem que se escute a voz deles, por toda a terra se difunde o vosso anúncio".
Irmão Francisco, fiel às sagradas escrituras, nos convida a reconhecer na natureza um livro estupendo, que nos fala de Deus, da sua beleza e bondade. Pensais que o pobrezinho de Assis pedia sempre ao irmão do convento encarregado da horta, de não cultivar no terreno somente ortaliças, mas de deixar uma parte para as flores, para que as pessoas ao passar elevassem o pensamento a Deus, criador de tanta beleza.
Caros amigos, a Igreja considerando com apreço as mais importantes pesquisas e descobertas científicas, nunca deixou de recordar que respeitando a marca do Criador em toda a criação, se compreende melhor a nossa verdadeira e profunda identidade humana. Viver bem esse respeito pode ajudar um jovem e uma jovem também a descobrir talentos e aptidões pessoais, e portanto, pode prepará-los para uma determinada profissão, a qual procurará sempre desenvolve-la no respeito ao ambiente. Se, de fato, no seu trabalho, o homem esquecer que é um colaborador de Deus, pode fazer violência a criação e provocar danos que têm sempre consequêncas negativas também para o homem, como vemos, infelizmente, em várias ocasiões. Hoje, mais que nunca, nos
parece claro que o respeito pelo ambiente não pode deixar de lado o reconhecimento do valor da pessoa humana e da sua inviolabilidade, em todas as fases da vida e em todas as condições. O respeito pelo ser humanao e o respeito pela natureza são um coisa só, mas ambos podem crescer e ter a justa medida se respeitamos na criação humana e na natureza o Criador e a sua criação. Sobre isso, caros jovens, estou certo de encontrar em vós aliados, verdadeiros "guardiães da vida e da criação"
Agora, gostaria de aproveitar a ocasião para dirigir uma palavra específica também aos professores e às autoridades aqui presentes. Gostaria de destacar a grande importância que tem a educação no campo da ecologia. Acolhi com prazer a proposta desse encontro, exatamento porque isso envolve tantos jovens estudantes, porque tem uma clara prospectiva educativa. É de fato evidente que não existe um futuro bom para toda a humanidade sobre a terra se nao nos educamos a um estilo de vida mais responsável em relação a criação. E este estilo se aprende antes de tudo na familia e na escola.
Encorajo, portanto, os pais, os diretores de escola e os professores a levar adiante com empenho uma constante atenção educativa e didática com essa finalidade. Além disso, é indispensável que este trabalho das famílias e das escolas seja sustentado pelas instituições que citei acima, que hoje estão muito bem representadas aqui.
Caros amigos, confiamos esses pensamentos e estas aspirações à Virgem Maria, mãe de toda a humanidade. Já que acabamos de começar o Tempo do Advento, Ela nos acompanhe e nos guie a reconhecer em Cristo o centro do cosmo, a luz que ilumina todo homem e toda criatura. E São Francisco nos ensine a cantar, com toda a criação, um hino de louvor e de agradecimento ao Pai celeste, doador de todos os dons. Vos agdeço de coração por terdes vindo tão numerosos e acompanho com prazer o vosso estudo, o vosso trabalho e vosso empenho com a minha benção.