sábado, 31 de dezembro de 2011

Núncio no Brasil: "Juventude é centro das atenções da Igreja"




O pontificado de Bento XVI é marcado pela fé e por sua capacidade de anunciar com clareza, nos tempos de hoje, a palavra de Deus e Cristo Jesus na história. É isso que indica o Núncio Apostólico no Brasil, dom Lorenzo Baldisseri, segundo o qual, a juventude estará cada vez mais no centro das atenções da Igreja no mundo.“
A mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2012 (1º de janeiro) tem como tema 'Educar os jovens para a justiça e a paz', e os jovens levarão essa mensagem durante todo o ano. Nesse sentido, o Brasil se sente particularmente estimulado desde que os jovens receberam, em agosto passado, a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora para preparar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Brasil, no Rio de Janeiro, em julho de 2013” – afirma, entrevistado pela Canção Nova.
A experiência dos mais de 2 milhões de jovens reunidos para a JMJ 2011 em Madri foi um sinal claro e uma garantia de que os jovens são o futuro da sociedade e da Igreja.
“Este ano, então, será dedicado a eles. Educar os jovens para a justiça e a paz significa que estes jovens levarão a todo o Brasil, a toda a parte, a mensagem da Cruz de Cristo, que é sinal de paz, apesar de todas as dificuldades que os cristãos hoje enfrentam em várias partes do mundo. A cruz não é sinal de morte e de tristeza, mas de triunfo. Através desta mensagem, podemos chegar à felicidade. E isso os jovens compreendem bem, pois têm facilidade para sonhar, ter grandes ideais, e são aqueles que efetivamente levam adiante a humanidade” - destaca dom Lorenzo.
A JMJ foi destaque no discurso em que o Santo Padre apresentou os votos de Feliz Natal à Cúria Romana e fez um balanço da atividade da Igreja ao longo deste ano.
Além disso, Bento XVI cumpriu uma série de viagens internacionais: Croácia, Madri, Alemanha e Benin. Na Itália, esteve em Veneza, San Marino, Ancona e Calábria. E convocou o Ano da Fé, que começa em outubro de 2012 e segue até outubro de 2013.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

'A Sagrada Família é ícone da Igreja doméstica e um convite a rezar juntos'


Em sua última Audiência Geral de 2011, o papa Bento XVI ressaltou que se não se aprende a oração em casa, depois será difícil preencher esse vazio.
"A Sagrada Família é ícone da Igreja doméstica e um convite a rezar juntos", afirmou o Pontífice.
Segundo Bento XVI, é no interior do lar que os filhos são iniciados na oração, graças aos ensinamentos de seus pais.
“Consequentemente, uma educação autenticamente cristã não pode prescindir da experiência da oração”, acrescentou.
Nesses doze meses, cerca de 400 mil pessoas participaram dos encontros semanais das quartas-feiras para ouvir as catequeses de Bento XVI.
Este ano, as catequeses foram dedicadas aos Santos e Santas dos séculos 16 e 17, à relação entre o homem e a oração e a uma série de reflexões sobre alguns Salmos.




Com informações da Rádio Vaticano
Fonte: http://www.a12.com/noticias/noticia

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Por que 25 de dezembro?




Se procurarmos no Evangelho indicação sobre o dia do nascimento de Jesus, nada encontraremos. Na visão dos apóstolos e evangelistas, não se tratava de um fato digno de registro; no centro de sua pregação estava a ressurreição do Senhor. A preocupação que tinham, ao falar dele a quem não o conhecia, era clara: apresentar uma pessoa viva, não alguém do passado. É o que notamos, por exemplo, nos dez discursos querigmáticos (querigma: primeiro anúncio; apresentação das verdades centrais do cristianismo) que encontramos nos Atos dos Apóstolos. A idéia fundamental desses discursos é a mesma: “A este Jesus, Deus o ressuscitou; disso todos nós somos testemunhas” (At 2,32).
Voltemos ao Natal. No tempo do Papa Júlio I, que dirigiu a Igreja do ano 337 a 352, é que foi introduzida essa solenidade no calendário da Igreja. Até então celebrava-se apenas a festa da Epifania – isto é, a manifestação do Senhor aos povos pagãos, representados pelos magos do Oriente. Ficava assim claro que Jesus era o Salvador de todos os povos, e não apenas de um só povo. Por que, então, 25 de dezembro como data do Natal?
O Império Romano havia decidido que todos os povos deveriam comemorar a festa do “sol invicto”, o renascimento do sol invencível. Era invencível uma vez que caía (morria) de noite e renascia a cada manhã, eternamente. Esse renascimento diário era celebrado no dia 25 de dezembro. O sol era também símbolo da verdade e da justiça, igualmente consideradas invencíveis uma vez que, por mais que muitos tentassem destruí-las, sempre renasciam vitoriosas. O sol, considerado um deus, era uma luz poderosa, que iluminava o mundo inteiro. Igualmente a verdade e a justiça eram luzes poderosas para todos os povos.
Em vez de simplesmente combater essa festa pagã, os cristãos passaram a apresentar Jesus Cristo, nascido em Belém, como o verdadeiro sol, já que nos veio trazer a verdade e a justiça. Também ele passou pela morte, mas dela ressurgiu, mostrando que era invencível. Seu nascimento – isto é, seu natal –, já que não se sabia em que dia havia ocorrido, passou a ser celebrado no dia do sol invicto.
A tradição – louvável tradição! – dos presépios é posterior: na noite de Natal de 1223, em Greccio – Itália, S. Francisco de Assis fez o primeiro presépio. Ele maravilha-se que Jesus, o Filho de Deus, havia-se encarnado para que pudéssemos conhecer o rosto de Deus. Com Jesus, passamos a ter em nosso meio um Deus que “trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado” (GS, 22). Como não representar, então, seu nascimento, ocorrido numa gruta de Belém? Ao longo dos tempos e dos lugares, cada povo foi deixando suas próprias marcas nos presépios. Os presépios que vemos pela cidade de Salvador (que seja, um dia, a cidade “do” Salvador!), em parte fruto da iniciativa do projeto: “Salvador, cidade natal do Brasil”, é uma prova disso. Por sinal, não deixa de ser significativo que tal iniciativa tenha tido tanta acolhida na cidade que se identifica com o nome de Jesus. Afinal, o anúncio dos anjos em Belém, foi claro: “Eu vos anuncio uma grande alegria...: nasceu para vós o Salvador!” (Lc 2,10).
O nascimento de Jesus é o fato central da história da humanidade; tanto assim que contamos os anos a partir desse acontecimento. Na proximidade do Natal, caminhemos ao encontro do Menino que nos é dado, para contemplá-lo e lhe dizer: “Vimos te adorar, Menino Jesus. Estamos maravilhados diante da grandeza e da simplicidade do teu amor! Tu agora estás conosco para sempre! Tu, pobre, frágil, pequeno... para nós, para mim! Em ti resplende a divindade e a paz. Tu nos ofereces a vida da graça. Teu sorriso volta-se para os pequenos, pobres e simples. Por isso, depositamos a teus pés nossas orações, nossa vida e tudo o que somos e temos. Olha com especial carinho, contudo, para todos aqueles que não te conhecem e, por não te conhecerem, não te amam. Amém!”

Fonte: Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil

domingo, 18 de dezembro de 2011

Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2012




A Santa Sé divulgou, nesta sexta-feira, o texto da Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2012, que se celebra em 1º de janeiro.

Eis a íntegra da Mensagem:

EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ

1. INÍCIO DE UM NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confi ança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fi que marcado concretamente pela justiça e a paz.
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor « mais do que a sentinela pela aurora »(v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque
sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações.
Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista.
Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial
da Paz duma perspectiva educativa: « Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer
uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, econômica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo
juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança. Na hora atual, muitos são os aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego
estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais
humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6).

Os responsáveis da educação
2. A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latina educere– significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.

E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. A família é célula originária da sociedade. « É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro ». Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.

Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. Assegurem às famílias que os seus filhos não terão um caminho formativo em contraste com a sua consciência e os seus princípios religiosos.
Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.
Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito--dever de educar. Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. Atuem de
modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas consideradas mais idôneas para o bem dos seus filhos. Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência.
Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para o bem de todos. Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dos media para que prestem a sua contribuição educativa. Na sociedade atual, os meios de comunicação de massa têm uma função particular: não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de fato, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.

Educar para a verdade e a liberdade
3. Santo Agostinho perguntava-se: « Quid enim
fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja o homem mais intensamente do que a verdade? ». O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De fato, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence.
Por isso, a fim de educar para a verdade, é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: « Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o fi lho do homem para com ele Vos preocupardes? » (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem?
O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade – não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida –, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, o fato de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa.
Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que « o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões », incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele econômico ou social, individual ou coletivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; não é o absolutismo do eu. Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. De fato, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à ação educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”. Dentro de um horizonte relativista como este, não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade, mais cedo ou mais tarde
cada pessoa está, de fato, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem, da validez do seu compromisso para construir com os outros algo em comum ». Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. No íntimo da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado. Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, que tem caráter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.

Assim o reto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.

Educar para a justiça
4. No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes
o conceito de justiça. De fato, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.

Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios econômicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora « a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo ».
« Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados » (Mt 5, 6). Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.

Educar para a paz
5. « A paz não é só ausência de guerra, nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade ». A paz é fruto da justiça
e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n’Ele, na sua Cruz, Deus reconciliou
consigo o mundo e destruiu as barreiras que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n’Ele, há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser ativos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos.

« Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus » – diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9). A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios e obrigue a caminhar contracorrente.

Levantar os olhos para Deus
6. Perante o árduo desafi o de percorrer os caminhos da justiça e da paz, podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: « Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio? » (Sal 121, 1). A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (…), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ». O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).
Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação. Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a
possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas reflexões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz ».

Vaticano, 8 de dezembro de 2011.

Fonte: CNBB

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Espírito ou consumismo natalino



Estamos acostumados a ver o Natal apenas como um encantável menino que sorri (ou chora). E então a única motivação que se pode vir é o retorno à inocência verdadeira da infância. Mas esta infância muitas vezes é confundida com uma transferência de sentimentos ou situações confundidas e marcadas ao longo da nossa história. Ou seja, no Natal, queremos nós muitas vezes voltar a ser crianças, no atraente mundo das compras e gastos, onde a desculpa, ou o culpado, é sempre o famoso “espírito natalino”.
Eu sempre me perguntei, quem é este famoso espirito natalino que sempre enche as lojas, os shopings, os magazines? Como pode alguém se aventurar em mergulhar num "mar de gente", por exemplo, os grandes centros de uma cidade como São Paulo, na rua 25 de março, nas últimas horas antes da ceia natalina? Realmente ele é muito bondoso, pois sempre dá presente para todos e principalmente para nós mesmos. É ou não é verdade que motivados pelo espírito natalino queremos ficar mais bonitos, mais bem vestidos, mais cheirosos, mais fofinhos, pois queremos comer bem e melhor... e tantas outras coisas, que fazem parte do mundo encantado das crianças.
Voltemos ao presépio de Belém. Ali, muito mais que a falta das coisas materiais, o verdadeiro espírito natalino se fez pobre, para que os pobres pudessem ser ricos. Não neste mundo, mas herdeiros do verdadeiro tesouro que não passa: o Reino dos céus. Com isto eu não estou dizendo que não podemos nos presentear com um natal cheio de coisas belas, mas convidando a conhecer mais profundamente quem é este espírito natalino.
A primeira coisa que posso dizer é que este espírito natalino não está nas lojas, não está festas, não está na ceia, não está na roupa nova ou no sapato novo. Então onde está este espírito natalino para que o possamos conhecer?
Com certeza ele está no coração de cada um que reconhece que o natal só terá sentido se for cheio de, primeiramente gratidão por um Deus que, amando tanto a pessoa humana, se fez pessoa. A gratidão nos leva à um segundo sentimento, a partilha. A partilha não é apenas uma troca de presentes feita no popular “amigo secreto”. Mas é um saber presentar. Não com aquilo que o outro quer, mas com aquilo que o outro precisa. Por exemplo, tem tantas pessoas ao nosso lado, às vezes na nossa própria casa, que muito mais que um par de sapatos novos, precisaria de um abraço de reconciliação. Do sentimento que nos leva à partilha, nasce uma postura, aquela da comunhão.
Muitas vezes, no natal temos mais comunhão com as pessoas que estão conosco nas filas gigantescas das grande lojas, do que com Aquele que realmente nos chama à verdadeira comunhão, que nada mais é que um pertencer a um Outro, e isto experimentamos maravilhosamente na Missa de natal. Esta comunhão com Deus, nos convida à uma comunhão com os irmãos. Que sentido tem dar um monte de presentes frios para todos, se não sou capaz de dar o calor do meu coração aos irmãos?
Com algumas destas pistas podemos buscar conhecer o verdadeiro espirito do natal, que vai muito além do chamado consumismo natalino. O cristão é chamado a ser luz para os povos, mostrando em tudo que faz, sua verdadeira alegria: Jesus Verbo encarnado de Deus.

Padre Anderson Marçal Moreira
Comunidade Canção Nova

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por que os jovens abandonam a Igreja?




É sabido que muitos jovens deixam de ser frequentadores ativos da Igreja.
O livro You Lost Me: Why Young Christians are Leaving the Church... and Rethinking Faith [“Fui! - Por que jovens cristãos estão abandonando a Igreja... e repensando a fé”], da Baker Books, analisa uma vasta pesquisa estatística do Grupo Barna para descobrir quais são as razões que levam os jovens para longe da Igreja.
Os autores David Kinnaman e Aly Hawkins analisaram uma enorme gama de estatísticas e apontaram três realidades particularmente importantes sobre a situação dos jovens.

1. As igrejas têm um envolvimento ativo com os adolescentes, mas depois da crisma, muitos deles param de ir à igreja. Poucos se tornam adulto seguidores de Cristo.

2. As razões pelas quais as pessoas abandonam a Igreja são diversificadas: é importante não generalizar sobre as novas gerações.

3. As igrejas têm dificuldade para formar a próxima geração a seguir a Cristo por causa de uma cultura em constante mudança.

Kinnaman explicou que não se trata de uma diferença de gerações. Não é verdade que os adolescentes de hoje sejam menos ativos na Igreja do que os de épocas anteriores. Aliás, quatro em cada cinco adolescentes na América do Norte, por exemplo, ainda passam parte da infância ou da adolescência numa congregação cristã ou numa paróquia. O que acontece é que a formação que eles recebem não é profunda o suficiente, e desaparece quando os jovens chegam à casa dos 20 anos de idade.
Para católicos e protestantes, a faixa etária dos vinte é a de menos compromisso cristão, independentemente da experiência religiosa vivida.
O principal problema é o da relação com a Igreja. Não necessariamente os jovens perdem a fé em Cristo; o que eles abandonam é a participação institucional.
Um fator importante que influencia a juventude é o contexto cultural em que ela vive. Nenhuma outra geração de cristãos, disse Kinnaman, sofreu transformações culturais tão profundas e rápidas.
Nas últimas décadas houve grandes mudanças na mídia, na tecnologia, na sexualidade e na economia. Isto levou a um grau muito maior de transitoriedade, complexidade e incerteza na sociedade.
Kinnaman usa ​​três conceitos para descrever a evolução dessas mudanças: acesso, alienação e autoridade.
Em relação ao acesso, ele salienta que o surgimento do mundo digital revolucionou a forma como os jovens se comunicam entre si e obtêm informações, o que gerou mudanças significativas na forma de se relacionarem, trabalharem e pensarem.
Há nisso um lado positivo, porque a internet e as ferramentas digitais abriram imensas oportunidades para difundir a mensagem cristã. No entanto, também há mais acesso a outros pontos de vista e outros valores culturais, mas com redução da capacidade de avaliação crítica.
Sobre a alienação, Kinnaman observa que muitos adolescentes e jovens adultos sofrem de isolamento em suas próprias famílias, comunidades e instituições. O elevado índice de separações, divórcios e nascimentos fora do casamento significa que um número crescente de pessoas crescem em contextos não-tradicionais, ou seja, onde a estrutura familiar é carente.
De acordo com Kinnaman, muitas igrejas não têm soluções pastorais para ajudar efetivamente aqueles que não seguem a rota tradicional rumo à vida adulta.
Além disso, muitos jovens adultos são céticos quanto às instituições que moldaram a sociedade no passado. Este ceticismo se transforma em desconfiança na autoridade.
A tendência ao pluralismo e à polêmica entre idéias conflitantes tem precedência sobre a aceitação das Escrituras e das normas morais.
Kinnaman observa que a tensão entre fé e cultura e um intenso debate também podem ter um resultado positivo, mas requerem novas abordagens pelas igrejas.
Ao analisar as causas do afastamento dos jovens das igrejas, Kinnaman admite que esperava encontrar uma ou duas razões principais, mas descobriu uma grande variedade de frustrações que levam as pessoas a esse abandono.
Alguns vêem a igreja como um obstáculo à criatividade e à auto-expressão. Outros se cansam de ensinamentos superficiais e da repetição de lugares-comuns.
Os mais intelectuais percebem uma incompatibilidade entre fé e ciência.
Por último, mas não menos importante, tem-se a percepção de que a Igreja impõe regras repressivas quanto à moralidade sexual. Além disso, as tendências atuais a enfatizar a tolerância e a aceitação de outras opiniões e valores colidem com a afirmação do cristianismo de possuir verdades universais.
Outros jovens cristãos dizem que sua igreja não permite que eles expressem dúvidas, e que as eventuais respostas a essas dúvidas não são convincentes.
Kinnaman também descobriu que, em muitos casos, as igrejas não conseguem educar os jovens em profundidade suficiente. Uma fé superficial deixa adolescentes e jovens adultos com uma lista de crenças vagas e uma desconexão entre a fé e a vida diária. Como resultado, muitos jovens consideram o cristianismo chato e irrelevante.
No final do livro, Kinnaman fornece recomendações para conter a perda de tantos jovens. É necessária, segundo ele, uma mudança na maneira como as gerações mais velhas encaram as gerações mais jovens.
Kinnaman pede ainda a redescoberta do conceito teológico de vocação, para se promover nos jovens uma consideração mais profunda sobre o que Deus quer deles.
Finalmente, o autor destaca a necessidade de enfatizar mais a sabedoria do que a informação. "A sabedoria significa a capacidade de se relacionar bem com Deus, com os outros e com a cultura".

Fonte: Zenit

João Paulo II como modelo de sofrimento cristão




O Papa Bento XVI recordou o “lento calvário” que viveu o Beato João Paulo II durante seus últimos anos de vida e assegurou que o Pontífice fizera de sua enfermidade uma “concreta participação no Caminho de Cristo até o Calvário”.
O Papa recebeu no sábado na sala Clementina aos cerca de 500 participantes ao Encontro promovido pelo Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, que refletiram estes dias no Vaticano sobre o tema: “A Pastoral sanitária ao serviço da vida à luz do magistério do Beato João Paulo II”.
“O serviço, a proximidade e o cuidado de irmãos doentes, coloca aqueles que os cuidam em uma posição privilegiada para testemunhar a ação salvífica de Deus, seu amor pelo homem e o mundo. O rosto do Salvador agonizante na cruz, ensina-nos a preservar e promover a vida, em qualquer momento e seja qual for sua condição, explicou.
“Esta visão da dor e do sofrimento iluminado pela morte e ressurreição de Cristo foi testemunhada pelo lento calvário, que marcou os últimos anos da vida do Beato João Paulo II, a quem podemos aplicar as palavras de São Paulo: "Completo em minha carne o que falta aos padecimentos de Cristo, em favor de seu corpo que é a Igreja. A fé firme e segura impregnou sua debilidade física, fazendo de sua enfermidade, vivida por amor de Deus, da Igreja e do mundo, uma concreta participação no Caminho de Cristo até o Calvário”, indicou.
Conforme informa a Rádio Vaticano, o Santo Padre recordou que o "Evangelho da Vida" “é um precioso legado dos ensinos do Beato João Paulo II, que em 1985, constituiu este Pontifício Conselho, para dar testemunho concreto no vasto e complexo campo da saúde”. Há vinte anos, ele estabeleceu a Jornada Mundial do Doente, e, mais recentemente, instituiu a Fundação "O bom samaritano", uma organização de beneficência para os doentes pobres, em alguns países.
“Nos longos e intensos anos de seu pontificado, o beato João Paulo II proclamou que o serviço à pessoa doente no corpo e no espírito constitui um constante compromisso de atenção e de evangelização para toda a comunidade eclesiástica, de acordo com o mandato dado por Jesus aos Doze Apóstolos para sanar os doentes”.
Bento XVI recordou a carta apostólica de seu venerado predecessor Salvifici doloris, na qual João Paulo II escreve: "O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem: é um daqueles pontos nos quais o homem, em certo sentido" vem ‘destinado’, a superar-se a si mesmo, e vem chamado a isto, de uma maneira misteriosa".
“O mistério da dor parece ofuscar o rosto de Deus, fazendo-o quase um desconhecido, ou inclusive assinalando-o como responsável direto dos sofrimentos humanos, mas os olhos da fé são capazes de olhar em profundidade neste mistério”.
“Deus se encarnou, aproximou-se do homem inclusive em suas situações mais difíceis: não eliminou a dor”, afirmou o Pontífice. “O Filho de Deus sofreu até a morte e revelou que seu amor desce até o abismo mais profundo do homem para dar-lhe esperança”.
“No Filho "dado" para a salvação da humanidade, a verdade do amor, vem “provada”, em um certo sentido, mediante a verdade do sofrimento; e a Igreja, nascida do mistério da Redenção da Cruz de Cristo, está chamada a procurar o encontro com o homem, em particular, no caminho de seu sofrimento”.

Fonte: ACI

"É preciso respeitar o Criador e sua criação", diz Papa



Discurso
Aos membros da Associação "Irmã Natureza"
Sala Paulo VI
Segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Senhores cardeais, ilustres autoridades, caros jovens
É com grande alegria que dou a todos as boas vindas neste encontro dedicado ao empenho pela "irmã natureza", usando o nome da Fundação que o promoveu. Saúdo cordialmente o Cardeal Rodrigues Maradiaga e o agradeço pelas palavras que me dirigiu também em vosso nome e pelo dom da preciosa reprodução do código 338, que contém as fontes franciscanas mais antigas. Saúdo o Presidente, Senhor Roberto Leoni,como também as autoridades e personalidades e os numerosos professores e pais. Saúdo sobretudo vocês, caros rapazes e moças, caros jovens! É exatamente por causa de vocês que eu quis este encontro, e gostaria de dizer-vos que aprecio muito a vossa escolha de ser "guardiães da criação", e que nisso tendes o meu apoio.
Antes de tudo, devemos recordar que a vossa Fundação e este encontro tem uma profunda inspiração franciscana. Também a data de hoje foi escolhida para fazer memória da proclamação de São Franacisco como patrono da ecologia da parte do meu amado predecessor, o beato João Paulo II, em 1979. Todos vós sabeis que São Francisco é também patrono da Itália. Talvez, não saibais que quem declarou-o como tal foi o Papa Pio XII, em 1939, quando o definiu "o mais italiano dos santos, o mais santo dos italianos". Se portanto, o santo Patrono da Itália é também patrono da ecologia, me parece justo que as jovens e os jovens italianos tenham uma especial sensiblidade pela "irmã natureza", e se empenhem concretamente na sua defesa.
Quando se estuda a literatura italiana, um dos primeiros textos que se encontram nas antologias é exatamente o "Canto do irmão Sol" ou "das criaturas", de São Francisco de Assis: "Altíssimo, onipotente, bom Senhor" .Esse canto traz à luz o justo lugar que deve ser dado ao Criador, Àquele que chamou à existência toda a grande Sinfonia das criaturas. "Louvado seja meu Senhor, todas as suas criaturas". Esses versos fazem parte justamente da vossa tradição cultural e escolástica. Mas são, antes de mais nada, uma oração, que educa o coração no diálogo com Deus, o educa a ver em todas as criaturas a marca do grande Artista celeste, como lemos também no belíssimo Salmo 19: "Os céus narram a glória de Deus, a obra das suas mãos anuncia o firmamento. Sem linguagens, sem palavras, sem que se escute a voz deles, por toda a terra se difunde o vosso anúncio".
Irmão Francisco, fiel às sagradas escrituras, nos convida a reconhecer na natureza um livro estupendo, que nos fala de Deus, da sua beleza e bondade. Pensais que o pobrezinho de Assis pedia sempre ao irmão do convento encarregado da horta, de não cultivar no terreno somente ortaliças, mas de deixar uma parte para as flores, para que as pessoas ao passar elevassem o pensamento a Deus, criador de tanta beleza.
Caros amigos, a Igreja considerando com apreço as mais importantes pesquisas e descobertas científicas, nunca deixou de recordar que respeitando a marca do Criador em toda a criação, se compreende melhor a nossa verdadeira e profunda identidade humana. Viver bem esse respeito pode ajudar um jovem e uma jovem também a descobrir talentos e aptidões pessoais, e portanto, pode prepará-los para uma determinada profissão, a qual procurará sempre desenvolve-la no respeito ao ambiente. Se, de fato, no seu trabalho, o homem esquecer que é um colaborador de Deus, pode fazer violência a criação e provocar danos que têm sempre consequêncas negativas também para o homem, como vemos, infelizmente, em várias ocasiões. Hoje, mais que nunca, nos
parece claro que o respeito pelo ambiente não pode deixar de lado o reconhecimento do valor da pessoa humana e da sua inviolabilidade, em todas as fases da vida e em todas as condições. O respeito pelo ser humanao e o respeito pela natureza são um coisa só, mas ambos podem crescer e ter a justa medida se respeitamos na criação humana e na natureza o Criador e a sua criação. Sobre isso, caros jovens, estou certo de encontrar em vós aliados, verdadeiros "guardiães da vida e da criação"
Agora, gostaria de aproveitar a ocasião para dirigir uma palavra específica também aos professores e às autoridades aqui presentes. Gostaria de destacar a grande importância que tem a educação no campo da ecologia. Acolhi com prazer a proposta desse encontro, exatamento porque isso envolve tantos jovens estudantes, porque tem uma clara prospectiva educativa. É de fato evidente que não existe um futuro bom para toda a humanidade sobre a terra se nao nos educamos a um estilo de vida mais responsável em relação a criação. E este estilo se aprende antes de tudo na familia e na escola.
Encorajo, portanto, os pais, os diretores de escola e os professores a levar adiante com empenho uma constante atenção educativa e didática com essa finalidade. Além disso, é indispensável que este trabalho das famílias e das escolas seja sustentado pelas instituições que citei acima, que hoje estão muito bem representadas aqui.
Caros amigos, confiamos esses pensamentos e estas aspirações à Virgem Maria, mãe de toda a humanidade. Já que acabamos de começar o Tempo do Advento, Ela nos acompanhe e nos guie a reconhecer em Cristo o centro do cosmo, a luz que ilumina todo homem e toda criatura. E São Francisco nos ensine a cantar, com toda a criação, um hino de louvor e de agradecimento ao Pai celeste, doador de todos os dons. Vos agdeço de coração por terdes vindo tão numerosos e acompanho com prazer o vosso estudo, o vosso trabalho e vosso empenho com a minha benção.


domingo, 27 de novembro de 2011

Halleluya pré-JMJ marcará presença nas Redes sociais




No sábado e no domingo, 26 e 27 de novembro, o Festival Halleluya, organizado pela Comunidade Shalom e a Arquidiocese do Rio ocorre por primeira vez na Cidade Maravilhosa. O Festival faz parte do calendário oficial da Jornada Mundial da Juventude RIO2013 e pretende marcar presença nas redes sociais como orkut, facebook e twitter.
Para marcar a data e fazer um grande movimento de evangelização, a equipe organizadora realizará um “twitaço”. Mas para que essa iniciativa tenha êxito e a mensagem do Evangelho atinja um número expressivo de pessoas é preciso que você faça parte dessa mobilização. É simples: basta incluir a hashtag #halleluyario em suas mensagens. E claro, publique nesse dia mensagens que evangelizem, especialmente a juventude.
“Vamos invadir a Internet com a Boa Nova! Você não precisa ser carioca para participar. Será preciso a ajuda de todos, nesse imenso Brasil, porque é necessário divulgar a #JMJ #RIO2013 em todo o território nacional e no mundo! Também não precisa ser só pelo Twitter. Você pode usar todas as mídias digitais com mensagens, fotos, desenho e vídeos sobre o Evangelho: email, Facebook, Orkut, enfim, o que você sempre usa”, animam os organizadores.
Convide seus amigos, outras dioceses, pois se a hashtag #halleluyario ficar no topo da lista nesses dias, com certeza, estaremos “proclamando o Evangelho nos telhados” e despertaremos em muitos a curiosidade acerca da JMJ RIO2013.
“Então, não esqueça: nos dias 26 e 27 de novembro, sábado e domingo, sempre no final das suas mensagens, coloque #halleluyario – com esse hashtag sua participação será contabilizada no Twitter!”, recordam finalmente a equipe organizadora do Halleluya Rio.



Fonte: Rádio Vaticano

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Advento, a realização e confirmação da Aliança




É uma trajetória que passa pela fidelidade a Deus e ao próximo

Começamos novo Ano Litúrgico e um novo ciclo da liturgia com o Advento, tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo no Natal. É hora de renovação das esperanças, com a advertência do próprio Cristo, quando diz: “Vigiai!”, para não sermos surpreendidos.
A chegada do Natal, preparado pelo ciclo do Advento, é a realização e confirmação da Aliança anunciada no passado pelos profetas. É a Aliança do amor realizada plenamente em Jesus Cristo e na vida de todos aqueles que praticam a justiça e confiam na Palavra de Deus.
Estamos em tempo de educação de nossa fé, quando Deus se apresenta como oleiro, que trabalha o barro, dando a ele formas diversas. Nós somos como argila, que deve ser transformada conforme a vontade do oleiro. É a ação de Deus em nossa vida, transformando-a de Seu jeito.
Neste caminho de mudanças, Deus nos deu diversos dons conforme as possibilidades de cada um. E somos conduzidos pelas exigências da Palavra de Deus. É uma trajetória que passa pela fidelidade ao Todo-poderoso e ao próximo, porque ninguém ama a Deus não amando também o seu irmão.
O Advento é convocação para a vigilância. A vida pode ser cheia de surpresas e a morte chegar quando não esperamos. Por isso é muito importante estar diuturnamente acordado e preparado, conseguindo distanciar-se das propostas de um mundo totalmente afastado de Deus.
Outro fato é não desanimar diante dos tipos de dificuldades e de motivações que aparecem diante nós. Estamos numa cultura de disputa por poder, de ocupar os primeiros lugares sem ser vigilantes na prestação de serviço. Quem serve, disse Jesus, é “servo vigilante”.
Confiar significa ter a sensação de não estar abandonado por Deus. Com isso, no Advento vamos sendo moldados para acolher Jesus no Natal como verdadeiro Deus. Aquele que nos convoca a abandonar o egoísmo e seguir Jesus Cristo.
Preparar-se para o Natal já é ter a sensação das festas de fim de ano. Não sejamos enganados pelas propostas atraentes do consumismo. O foco principal é Jesus Cristo como ação divina em todo o mundo.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto.

Fonte: cancaonova.com

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Superioras Gerais de todo o mundo reúnem-se pela primeira vez no Brasil




Encontro acontece em Aparecida (SP), a partir do dia 27

Pela primeira vez, o Brasil será sede de um encontro entre as Superioras Gerais de todo o mundo, promovido pela União Internacional das Superioras Gerais (UISG).
As delegadas da UISG estarão reunidas em Aparecida (SP) entre os dias 27 de novembro e 4 de dezembro, para um encontro das religiosas representantes do mundo inteiro, com a vida religiosa do Brasil.
Trata-se da REUNIÃO DO CONSELHO DE DELEGADAS, representando as mais de 2.000 Superioras Gerais, de todo o mundo, que vão continuar o aprofundamento do tema ‘Identidade da Vida Religiosa’.
A temática foi objeto do último Seminário Teológico da UISG, realizado no início do ano, em Roma, e vai ao encontro do enfoque místico-profético refletido no último encontro de delegadas, ocorrido em maio de 2010, também em Roma.
A escolha do Brasil como sede do encontro das Superioras Gerais da UISG no Brasil foi definida durante a reunião do Conselho Deliberativo do organismo, em setembro do ano passado. Segundo a organização, a motivação para a programação acontecer em terras brasileiras está relacionada à vivacidade e ao dinamismo da Vida Religiosa no Brasil.


UISG

Com sede em Roma, a UISG é formada pelas chamadas “Constelações”, que são os Grupos Nacionais ou países próximos, como um espaço de encontro entre as Superiores Gerais. Cada “Constelação” tem uma delegada, sendo que as reuniões do Conselho que congrega essas Delegadas acontece a cada um ano e seis meses.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O cristão é um construtor incansável de paz e solidariedade




África, tenha coragem! O Estádio da Amizade de Cotonou foi o palco, na manhã deste domingo, da Santa Missa presidida pelo Papa Bento XVI, no seu último dia de visita ao Benin. O estádio estava com sua capacidade máxima esgotada, 30 mil pessoas.
Concelebraram com o Santo Padre mais de 200 bispos de todo o continente e milhares de sacerdotes do Benin.
As cores vivas que ornavam o altar e a energia que emanava dos cânticos litúrgicos refletiam o entusiasmo dos fiéis presentes. Bento XVI não ficou indiferente e logo no início da sua homilia expressou sua grande alegria por visitar, pela segunda vez, "o querido continente africano", seguindo os passos do seu predecessor, o Beato João Paulo II.
Comentando o Evangelho deste domingo, Solenidade de Cristo-Rei, o Papa recordou que Jesus quis assumir o rosto daqueles que têm fome e sede, dos estrangeiros, dos que estão nus, doentes ou presos… enfim, de todas as pessoas que sofrem ou são marginalizadas.
"E, por conseguinte, o comportamento que tivermos com eles será considerado o modo como nos comportamos com o próprio Jesus. Ele que não tinha onde repousar a cabeça, seria condenado a morrer numa cruz. Este é o Rei que celebramos!"
Isto pode nos parecer desconcertante, afirmou o Papa. Pois ainda hoje, como há 2000 anos, estamos habituados a ver os sinais da realeza no sucesso, na força, no dinheiro ou no poder. Temos dificuldade em aceitar um rei cujo trono é uma cruz. Para Jesus, reinar é servir. E aquilo que nos pede é segui-Lo por este caminho: servir, estar atento ao clamor do pobre, do fraco, do marginalizado.
"Daqui queria fazer chegar uma palavra amiga a todas as pessoas que sofrem, aos doentes, a quantos estão infectados pela Aids ou por outras doenças, a todos os esquecidos da sociedade: Tenham coragem! O Papa pensa em vocês e os recorda na oração.
A seguir, recordou os 150 anos de evangelização do Benin, dando graças a Deus pela obra realizada pelos missionários, pelos "obreiros apostólicos" originários da nação ou vindos de outros lugares. E como fez em outros momentos da visita, recordou mais uma vez o Cardeal Bernardin Gantin, exemplo de fé e de sabedoria para o Benin e para todo o continente africano.
A Igreja, explicou o Pontífice, existe para anunciar a Boa Nova. E este dever permanece urgente. Depois de 150 anos, são numerosos aqueles que ainda não ouviram a mensagem da salvação de Cristo; aqueles cuja fé é débil, e cuja mentalidade, costumes, estilo de vida ignoram a realidade do Evangelho, pensando que a busca de um bem-estar egoísta, do lucro fácil ou do poder seja o fim último da vida humana.
"Com entusiasmo, sejam testemunhas ardorosas da fé que receberam! Em particular diante dos jovens que, num mundo difícil, andam à procura de razões de viver e de esperar."
Sendo um homem de esperança, o cristão não pode desinteressar-se dos seus irmãos e irmãs. Isto estaria claramente em contradição com o comportamento de Jesus. O cristão é um construtor incansável de comunhão, de paz e de solidariedade.
Dirigindo-se aos africanos de língua portuguesa, o Papa disse: "Queridos irmãos e irmãs da África lusófona que me ouvis, a todos dirijo a minha saudação e convido a renovar a vossa decisão de pertencer a Cristo e de servir o seu Reino de reconciliação, de justiça e de paz. O seu Reino pode ser posto em perigo no nosso coração. Aqui Deus cruza-se com a nossa liberdade. Nós – e só nós – podemos impedi-Lo de reinar sobre nós mesmos e, em consequência, tornar difícil a sua realeza sobre a família, a sociedade e a história. Por causa de Cristo, tantos homens e mulheres se opuseram, vitoriosamente, às tentações do mundo para viver fielmente a sua fé, às vezes mesmo até ao martírio. A seu exemplo, amados pastores e fiéis, sede sal e luz de Cristo na terra africana! Amém."(BF)

Fonte: Rádio Vaticano

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Os jovens e a cruz




A Igreja Católica prepara-se para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em julho de 2013 no Rio de Janeiro. Para isso, volta cada vez mais sua atenção para os jovens, em sintonia com toda a sociedade, consciente do quanto é importante entender bem a juventude e comprometer-se com o seu presente e futuro.
A opção preferencial da Igreja pelos jovens tem raízes na 3ª Conferência dos Bispos da América Latina, no ano de 1979, em Puebla, México. Um exemplo da especial atenção da Igreja é a utilização da sua consolidada experiência na promoção da Campanha da Fraternidade, durante a quaresma de cada ano: em 2013, vamos retomar o tema fraternidade e juventude.
Mais que oportuno, é urgente a priorização da juventude nas agendas das Igrejas, dos governos e de todos os segmentos da sociedade. Os jovens e adolescentes ainda constituem uma grande maioria de nossa população. É um enorme potencial para o presente e o futuro da Igreja e dos povos. Os jovens são chamados a ser ‘sentinelas do amanhã’, como disse o Bem Aventurado João Paulo II, por ocasião de uma das edições da Jornada Mundial da Juventude.
Esta consideração patenteia o grau de responsabilidade que todos temos junto aos jovens. Intensifica-se a responsabilidade e crescem as exigências quando se considera a tarefa do enfrentamento das sequelas da pobreza gerando sua exclusão, afetados, em larga escala, por uma educação de baixa qualidade, com horizontes de vida estreitados pelos reducionismos e outros descompassos da sociedade contemporânea. Preocupante é o problema das drogas, criando dependências, dizimando vidas, impedindo o desabrochar da juventude sob o impulso inspirador de valores e princípios ancorados no amor, na justiça e na solidariedade.
A Jornada Mundial da Juventude é, pois, um percurso que convoca e põe a Igreja em estado de missão entre os jovens, proporcionando-lhes a centralidade do encontro com Jesus Cristo, o maior bem da vida, e trabalhando, no que diz respeito à mancha de óleo que é a dependência química, na prevenção, acompanhamento e apoio a políticas governamentais para reprimir essa pandemia.
A prevenção se faz com processos educativos, com incidência para introduzir as novas gerações no âmbito do valor da vida e do amor, despertando a consciência da própria dignidade de filhos de Deus. O Documento de Aparecida, nº 424, reza que a “Igreja deve promover luta frontal contra o consumo e tráfico de drogas, insistindo no valor da ação preventiva e reeducativa, assim como apoiando os governos e entidades civis que trabalham neste sentido, exortando o Estado em sua responsabilidade de combater o narcotráfico e prevenir o uso de todo tipo de droga”.
A Jornada Mundial da Juventude no Brasil, já em curso com a peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora, é experiência de espiritualidade, reconhecendo a religiosidade como fator de proteção e recuperação importante para o usuário de drogas. Também é um evento de grandes proporções para mobilizar a juventude em torno de temas, preocupações e questões decisivas para a vivência da vida como dom. Os jovens, portanto, merecem e requerem um caminho percorrido com eles em busca dessas conquistas e na consolidação de uma vida vivida no amor e na justiça.
A preparação e vivência da Jornada Mundial da Juventude começou em setembro, lá em São Paulo, e chegou neste mês em Minas Gerais. Seguindo pelo Brasil afora, até julho de 2013, no Rio de Janeiro. A referência central é a Cruz Peregrina - a Cruz de Cristo Rei. É a cruz que a Arquidiocese de Belo Horizonte, neste sábado, 19 de novembro, ilumina no terreno da futura Catedral Cristo Rei, com a benção de sua pedra fundamental. É a cruz que de patíbulo de suplício condenatório, por nela ter morrido Cristo o Salvador do mundo, se torna o trono de um Rei Servidor que dá sua vida para que todos tenham vida.
O símbolo da cruz, para todos os que a contemplarem, é lição estampada ao ar livre, publicamente, chamando todos à aprendizagem e vivência dessa lição mais importante da vida: servir. A cruz é o altar da Eucaristia, memória da oferta que Cristo faz de seu corpo e sangue, a salvação da humanidade. É o poder e a sabedoria de Deus, sua manifestação eminente e garantia de como tornar operante a ressurreição na vida terrena do cristão.
A cruz é uma espiritualidade que orienta a fixar o olhar n’Ele, Cristo, mestre e senhor da vida. A Cruz de Cristo Rei da futura Catedral é sinal da centralidade de Cristo, Rei porque servidor e redentor. É um monumento a esta profissão de fé, com a tarefa de ser lugar do encontro com Ele e do compromisso com a vida plena para todos. Esta é hora de profunda comunhão e generosidade, de entendimento clarividente para que se construa a Catedral e seja fecundada nossa opção preferencial pelos jovens.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte - MG

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Papa faz sua segunda visita à África



A África nunca foi tão importante como é hoje para a Igreja Católica.
Enquanto o número de católicos praticantes está em declínio nos países industrializados, no continente africano o número cresce bastante. Em 1900, eram 2 milhões. Hoje, já somam mais de 140 milhões.
Para reforçar esse crescimento, na próxima sexta-feira, 18, o papa Bento XVI realizará sua segunda viagem à África ao visitar o Benin, onde vai assinar e publicar a Exortação Apostólica da Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos de 2009.
Durante três dias, o papa encontrará a comunidade civil, política e eclesial do país. Mas o ponto alto da visita será no domingo, 20, no estádio da amizade de Cotonou, para a entrega da Exortação Apostólica pós-Sinodal.
Bento XVI levará consigo o documento ‘Africae Munus - O compromisso da África’, em uma versão em português.
A Exortação Apostólica pós-sinodal, que será assinada sábado, 19, e entregue aos bispos africanos no domingo, é o documento final da 2ª Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos.
O encontro aconteceu de 4 a 25 de outubro de 2009 no Vaticano e teve como tema 'A Igreja na África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz'.
O Benin celebra este ano 150 anos do início da evangelização e como afirmou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, “a presença do papa será um encorajamento para o continente africano”.

SOS África – A Igreja Católica tem marcado presença nas conquistas e também nos problemas vividos pelo povo africano. Recentemente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira realizaram à Campanha SOS África de ajuda às vítimas da seca na região nordeste do continente, conhecida como Chifre da África (Somália, Uganda, Etiópia, Quênia, Djibuti e Eritréia).
A região, principalmente a Somália, passou pela seca mais intensa dos últimos 60 anos.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 12 milhões de pessoas sentiram os efeitos da fome na região.


Fonte: Redação A12

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cristo é o verdadeiro Rei




O Papa Bento XVI recebeu esta quarta-feira, na Praça S. Pedro, fiéis e peregrinos para a Audiência Geral.
A catequese foi dedicada ao Salmo 110 (109), um dos mais famosos sobre a realeza. Com este Salmo, se encerra o ciclo sobre a oração do Saltério.
A tradição da Igreja considera este Salmo como um dos textos messiânicos mais significativos. O rei cantado pelo Salmista é Cristo, o Messias que instaura o Reino de Deus e vence as potências do mundo. Ele é o verdadeiro rei que, com sua ressurreição, entrou na glória e está sentado à direita do Pai.
Este salmo nos convida a olhar para Cristo, para seu mistério pascal, para compreender o sentido da verdadeira realeza, vivida no serviço e no dom de si.
Eis o resumo da catequese feito por Bento XVI para os fiéis de língua portuguesa, seguida de sua saudação: "Queridos irmãos e irmãs, hoje concluímos as nossas catequeses sobre a oração do Saltério, meditando o Salmo 110. Trata-se de uma oração, inicialmente relacionada com a entronização de um rei da linhagem de Davi, que foi assumindo uma dimensão cada vez mais ampla, até se tornar numa celebração do Messias vitorioso, glorificado à direita de Deus. Por isso mesmo, este salmo está entre os mais citados no Novo Testamento: Jesus mesmo menciona este texto, ao referir-se à identidade do Messias. E a tradição da Igreja interpretou o nosso salmo em chave cristológica: Cristo é o rei celebrado pelo Salmista, o Messias que instaura o Reino de Deus e vence as potências do mundo; Ele é o Verbo gerado pelo Pai, antes da aurora; Com a sua ressurreição, triunfa sobre a morte e torna-se o sacerdote eterno que, no mistério do pão e do vinho, nos alcança a remissão dos pecados e a reconciliação com Deus. Rezando com este Salmo, pedimos ao Senhor que nos conceda continuar no seguimento de Cristo, o Rei Messias, dispostos a subir com Ele até ao monte da Cruz para chegar à glória da Ressurreição. Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! Saúdo todos os fiéis brasileiros, particularmente, os grupos de São Paulo e Brasília. Ao concluir este ciclo de catequeses sobre a oração no Saltério, convido-vos a rezar sempre mais com os salmos, para assim enriquecerdes a vossa relação diária com Deus. E que as suas bênçãos desçam sobre vós e vossas famílias!".
Na Audiência Geral desta quarta-feira, estava presente um grupo de empresários brasileiros que vieram à Itália para inaugurar, na cidade de Assis, o "Marco da Paz" – iniciativa do italiano radicado no Brasil Gaetano Brancati Luigi.
Também estava presente o Ministro para a Harmonia do Paquistão, Akram Gill. Católico, Gill está na Itália para alguns seminários e congressos, em que falará sobretudo sobre a problemática da perseguição das minorias religiosas no Paquistão, que passa por um momento delicado.

Fonte: Rádio Vaticano

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aparecida acolhe Romaria da Juventude no feriado

O Santuário Nacional de Aparecida, a Arquidiocese de Aparecida e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizam, nos dias 14 e 15 de novembro, a 3ª Romaria Nacional da Juventude.
Para o evento foram programadas as seguintes atividades: no dia 14 haverá concentração na Praça da Catedral em Guaratinguetá; caminhada em procissão com os símbolos da Jornada Mundial da Juventude até o Santuário Nacional de Aparecida, às 20h; chegada ao Santuário e acolhida às 22h30 e início da vigília às 23 horas.
A programação do dia seguinte é: 5 horas - encerramento da vigília; 8 às 9 horas - terço de Aparecida no altar da catedral; 9h às 10h20 - palestra do Padre Fábio de Melo; 10h30 às 12 horas - missa festiva; 13h às 14 horas - animação na tribuna papa Bento 16; 14 às 15 horas - saída do Devotão até a tribuna Dom Aloísio; 15 às 15h40 - show com a Banda Versículos de Fé, na tribuna Dom Aloísio; 16 às 17h30 - show com o Padre Fábio de Melo.

FRATERNIDADE - Nesta semana, o arcebispo de São Paulo e presidente do Regional Sul-1 da CNBB, Odilo Pedro Scherer, presidiu a cerimônia de lançamento do texto-base da Campanha da Fraternidade 2012, que terá como tema Fraternidade e saúde pública.
O padre Anísio Baldessin apresentou o texto-base, com sua descrição da realidade da saúde no Brasil, sua fundamentação bíblica e espiritual, suas indicações para a ação transformadora no mundo da saúde. Destacou que ele sintetiza e discute a dura realidade da saúde pública. “Há muito tempo, ela vem sendo considerada a principal preocupação e pauta reivindicatória da população brasileira, no campo das políticas públicas”, destacou.
Ao longo do texto, o subsídio da CNBB chama a atenção para três conceitos importantes: o cuidado com o doente, a prática de hábitos de vida saudável, e exigência de melhoria no sistema público de saúde, com atenção especial ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A Campanha do próximo ano tem como tema Fraternidade e saúde pública, e como lema Que a saúde se difunda sobre a terra! (Eclo, 38, 8). O objetivo geral é "promover ampla discussão sobre a realidade da saúde no Brasil e das políticas públicas da área, para contribuir na qualificação, no fortalecimento e na consolidação do SUS, em vista da melhoria da qualidade dos serviços, do acesso e da vida da população”, diz o texto.

fonte: A Tribuna

domingo, 13 de novembro de 2011

A prioridade da oração




No final de mais um ano é justo perguntar-se sobre as metas atingidas, as dificuldades encontradas e, o caminho percorrido e a percorrer para realizar os projetos e alcançar os objetivos que nos propomos.
É importante que este trabalho se faça a nível pessoal, ou seja que cada um tenha a capacidade, ao aproximar-se do final de mais um ano de se perguntar: Como vivi? O que tenho buscado? Quais os meios tenho utilizado para realizar os ideais da minha vida? Mas, tão importante que este exercício seja feito também em nível comunitário, que cada comunidade se interrogue sobre sua caminhada, os objetivos pastorais que definiu e como os tem alcançado, os meios que utiliza para cumprir a sua missão, etc.
Neste sentido será importante que nós nos interroguemos sobre as nossas motivações, ou seja, os princípios que norteiam nossa vida e nossa ação.
Dentro desta perspectiva penso que será oportuno nos perguntarmos sobre a qualidade de nosso relacionamento com Deus e, por consequência de nossa oração.
No início do Novo Milênio, o Beato João Paulo II, na sua Carta Novo Millennio Ineunte (No início do Novo Milênio) propunha à Igreja no limiar do Novo Milênio a “pedagogia da santidade”, como também falou da “arte da oração”. Assim se expressava o Beato João Paulo II: “Não será porventura um ‘sinal dos tempos’ que se verifique hoje, não obstante os vastos processos de secularização, uma generalizada exigência de espiritualidade, que em grande parte se exprime precisamente numa renovada carência de oração?” (n. 33)
Mais adiante, na mesma carta, o Beato João Paulo II diz que se não se considera o primado da graça, a necessidade da oração, “não nos podemos maravilhar se os projetos pastorais se destinam a falir e deixam na alma um deprimente sentido de frustração. Repete-se então conosco aquela experiência dos discípulos narrada no episódio evangélico da pesca milagrosa: ‘Trabalhamos durante toda a noite e nada apanhamos’ (Lc 5,5). Esse é o momento da fé, da oração, do diálogo com Deus, para abrir o coração à onda da graça e deixar a palavra de Cristo passar por nós com toda a sua força: Duc in altum!” (n.38)
Como se vê o que dá sustentação e garante a “eficácia” de nossas iniciativas não são apenas os projetos que elaboramos, os recursos que dispomos, os meios que utilizamos, mas, sobretudo, o tempo que dedicamos à oração, à escuta da Palavra, a meditação que fazemos do Evangelho e sua aplicação na nossa vida.
Hoje, certamente, para muitos Jesus continua a fazer a mesma censura que fez a Marta que o hospedara em sua casa: “Marta, Marta andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”. (Lc 10, 41-42)
O que fez Maria? O que ela escolheu? Escolheu permanecer aos pés do Mestre, escutando-o, deixando-se iluminar pela sua Palavra, para a partir daí dedicar-se de corpo e alma aos seus afazeres.
Semelhante foi também a experiência dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Retornavam transtornados de Jerusalém; estavam aflitos, abatidos, frustrados e cansados. Bastou o Senhor aproximar-se deles e dirigir-lhes sua Palavra e seus corações ardiam e, reconhecendo Jesus no partir do pão voltaram às pressas a Jerusalém, para anunciar aos apóstolos a alegria do encontro com Jesus Ressuscitado!
O Beato Papa João Paulo II ainda na Carta Novo Millennio Ineunte, observa: “Mas a oração, como bem sabemos, não se pode dar por suposta; é necessário aprender a rezar, voltando sempre de novo a conhecer essa arte dos próprios lábios do divino Mestre, como os primeiros discípulos: ‘Senhor, ensina-nos a orar’ (Lc 11,1). Na oração, desenrola-se aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: ‘Permanecei em mim e eu permanecerei em vós’ (Jo 15,4). Essa reciprocidade constitui precisamente a substância, a alma da vida cristã, e é condição de toda a vida pastoral autêntica.” (n. 32)
Precisamos hoje aprender a “não dar por suposta” a oração, ou seja, convencer-nos que é sempre necessário aprender a rezar. Por mais que tenhamos avançado no caminho da intimidade com Deus, por mais que estejamos em contato com a Palavra de Deus, com os Sacramentos, a vida litúrgica e o ensinamento da Igreja, precisamos nos convencer que somos sempre aprendizes na oração; precisamos sempre reservar tempo, servir-se de uma boa leitura, dedicar-nos a oração silenciosa diante do Sacrário, para podermos fazer a experiência do encontro com o Senhor que fala no silêncio do coração.
Santa Teresa de Ávila, Doutora da Igreja nos caminhos da oração afirmava: “Quando o coração reza, Deus atende!”. Desta afirmação se aprende que é preciso rezar com o coração, ou melhor, levar o coração à oração para que nossa oração seja autêntica e corresponda aos desígnios de Deus. Os Salmistas são depois de Jesus os que melhor expressam isso para nós: diante de Deus não escondem suas aflições, suas lutas, sua pobreza e miséria, sua esperança ilimitada. Rezam o que vivem, e vivem o que rezam! Na oração deixam o coração extravasar diante de Deus!
Diante da tentação daqueles que afirmam que a vida é oração, devemos responder que sem oração a vida se esvazia, e a fé se enfraquece; tudo seu reduz ao próprio esforço, correndo o risco de fazer só o que convém, deixando pouca margem à ação de Deus e a aceitação da Sua Vontade!
Nos nossos projetos pessoais e programas pastorais não subestimemos a oração! Ao contrário façamos dela prioridade, e não tenhamos medo de nos lançar numa verdadeira pastoral da oração. A oração não resolve de imediato nossos problemas, mas nos dá força e serenidade para enfrentá-los! A oração não se contabiliza, mas permite olhar a nossa vida com um novo olhar, o olhar de Deus que não se cansa de nos esperar, para dar-nos a luz e a alegria necessárias para avançarmos e alcançarmos novas metas e atingirmos nossos ideais.

Dom Milton Kenan Júnior
Bispo Auxiliar de São Paulo - SP

Os talentos a nós confiados

Mais um ano litúrgico está terminando e celebramos neste final de semana o penúltimo domingo – o XXXIII - do Tempo Comum. Os textos da Palavra de Deus desta época nos levam ao tema das últimas coisas e nos fazem pensar sobre a parusia. E o apóstolo São Paulo nos traz de volta à realidade da nossa vida e de nossa existência aguardando a vinda do Senhor. No trecho da segunda leitura, tirada da primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts 5,1-6), fala-nos exatamente do dia do Senhor.
Há no texto um convite claro para a vigilância na espera desse encontro com o Senhor. Existem muitos que discursam sobre o final dos tempos marcando falaciosamente datas. Porém, para nós, o convite nos é dirigido para estarmos preparados cada dia. No início do mês celebramos a comemoração dos fiéis defuntos e rezamos nessa intenção. No domingo passado recordarmos com alegria os nossos irmãos que se encontram na visão beatífica, os santos, e nos alegramos com seus exemplos e intercessão. Porém, é fato também que existe uma cultura que tem causado violências e mortes em nossa sociedade e que nos questiona sobre o sentido que damos às nossas vidas. Essas celebrações e ocorrências nos ajudam a olhar com mais profundidade os nossos caminhos. Nestas terras da Jornada Mundial da Juventude, chamam a nossa atenção algumas mortes precoces de jovens por causa da violência em nosso país, como por exemplo: pela violência oriunda da contravenção, as que ocorrem pelos acidentes de trânsito, as causadas pelos motoristas bêbados, e tantas outras em circunstâncias e detalhes que enchem as páginas de alguns jornais. Com a campanha “contra o extermínio de jovens”, somos chamados a pensar sobre nosso compromisso com a vida e com uma sociedade mais justa. É doloroso ver os nossos jovens enveredados por tantos caminhos que só levam à infelicidade e morte. Porém, diante de tantas ocorrências somos chamados a refletir sobre o último ato da nossa vida. Nossa vida de fé deve ser uma vida ativa e dinâmica, no sentido de que não podemos adormecer sobre a nossa condição, às vezes sem expressão clara da verdadeira fé.
O Evangelho deste domingo (cf. Mt 25,14-30) nos ajuda a examinar nossos caminhos porque fala dos frutos dos talentos recebidos. Deus nos deu uma importante missão, que devemos levar adiante e que identificamos como talentos. Temos o dever de trabalhar para a conquista do Reino de Deus e a sua propagação entre nós. Isso nos foi confiado pelo Senhor. A parábola dos talentos ajuda-nos a assumir um comportamento mais responsável sobre a fé, para vivê-la e repassá-la não somente pela palavra, mas, sobretudo, pelo exemplo de vida. Isso deve ser claro, especialmente para aqueles que vivem sobre o legado do passado, sobre os bens já feitos e executados imaginando que nada mais é necessário hoje. Devemos, porém, estar sempre vigilantes e ativos.
Deus vê o coração, a generosidade, o empenho, a dedicação, a vigilância, o compromisso de cada um de nós. Nessa perspectiva, é muito eficaz o que lemos na primeira leitura deste domingo (cf. Pr 31,10-13.19-20.30-31): o texto é retirado do livro de Provérbios, um dos livros sapienciais do Antigo Testamento, cheio de razões espirituais e morais. É claro que o padrão das mulheres fortes e trabalhadoras, honestas e generosas, que cuidam de sua beleza interior é um exemplo de vida para todos que se preocupam com o destino de sua felicidade terrena e eterna.
A leitura do Evangelho deste domingo mais uma vez insiste na vigilância ativa e sobre a responsabilidade corajosa que devem distinguir quem acolheu a mensagem da salvação. A parábola não deixa de ter um aspecto polêmico: Mateus, obviamente, estava pensando numa comunidade não muito comprometida, que adormece sobre os louros. O servo que se contentou em esconder o seu talento, servilmente fazendo o que ele pensa ser a tarefa do mestre, é chamado de "mau e preguiçoso".
A parábola vai bem além dos padrões morais que encontramos na primeira leitura. Não se trata apenas de valorizar os dons recebidos: o capital que o Senhor nos confiou é, antes de tudo, a Sua Palavra, que abre horizontes infinitos para as nossas vidas. É também a missão de evangelização, que se refere ao futuro da Igreja e do reino.
O homem da parábola representa o próprio Cristo, os servos são os discípulos e os talentos são os dons que Jesus lhes confia. Por isso, tais dons, além das qualidades naturais, representam as riquezas que o Senhor Jesus nos deixou em herança, para que as multipliquemos. E, em consequência, toda a transformação da sociedade na civilização do amor. Em síntese: o Reino de Deus, que é Ele mesmo, presente e vivo no meio de nós.
A parábola insiste na atitude interior com que acolher e valorizar este dom. A atitude errada é a do receio: o servo que tem medo do seu Senhor e teme o seu retorno, esconde a moeda debaixo da terra e ela não produz qualquer fruto. Isto acontece, por exemplo, com quem, tendo recebido o Batismo, a Comunhão e a Crisma, depois enterra tais dons debaixo de uma camada de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus, que paralisa a fé e as obras a ponto de atraiçoar as expectativas do Senhor.
A realidade salta aos nossos olhos: Sim, o que Cristo nos concedeu multiplica-se quando é doado! Cristo nos oferece, generosamente, um tesouro feito para ser despendido, investido, compartilhado com todos. A mensagem central da liturgia deste domingo diz respeito ao espírito de responsabilidade com que devemos acolher o Reino de Deus – responsabilidade em relação a Deus e à humanidade. Encarna perfeitamente esta atitude do coração a Virgem Maria que, recebendo o mais precioso dos dons, o próprio Jesus, ofereceu-O ao mundo com imenso amor. A Maria Santíssima peçamos que nos ajude a ser "servos bons e fiéis" para que possamos um dia, com júbilo, entrar e participar "na alegria do nosso Senhor, o Cristo Redentor".

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

JMJ RIO2013: uma grande graça para os brasileiros





É desconcertante estar num local onde também estão outros dois milhões de pessoas. Isso em si já provoca um misto de emoções: espanto, alegria, admiração e até um pouquinho de temor. Quando se pensa no que tanta gente está fazendo ali, esse conjunto de sentimentos se torna ainda mais forte. Estão todos lá – a despeito do cansaço, do calor, do aperto, das diferenças de língua e de cultura – por amor a Deus. Isso desperta outro sentimento, que engloba os outros, e os ultrapassa: a fé.
Isso é uma Jornada Mundial da Juventude, festa sem paralelo que ocorreu em 2011 em Madri e que vai acontecer no Rio de Janeiro em 2013. Imagine essa multidão de dois milhões de pessoas aglomerada em torno do Santíssimo, mesmo depois da tempestade de chuvas, ventos e raios que sucedeu o calor de 48 graus. Imagine o trovão de dois milhões de vozes aclamando o Papa num arrepiante grito de paz. Imagine a multidão subdivida em milhares e milhares de grupos se locomovendo simultaneamente pela mesma cidade, tomando todos os espaços, colorindo-os com suas bandeiras, quebrando a monotonia e a rotina com as canções de seus países. Imagine-a vencendo todas as dificuldades com uma combinação de espírito de penitência e bom humor. Imagine-a encantando a imprensa e a população local com sua postura alegre e ordeira. Isso é uma Jornada Mundial da Juventude.
Mesmo faltando quase dois anos, esse evento incomum já começou no Brasil. Já começou no entusiasmo dos peregrinos brasileiros que estiveram em Madri e que voltaram para casa com a sensação de que trouxeram a Jornada Mundial da Juventude em suas malas. Já começou na avalanche de pessoas se apresentando para trabalhar como voluntários, cada qual com seus dons, na infinidade de tarefas que precisam ser realizadas. Já começou na monumental e emocionante peregrinação da Cruz dos Jovens e do Ícone de Nossa Senhora pelo Brasil, reunindo multidões nas grandes capitais e nas praças do interior e chegando a todos os lugares, seja nas catedrais, seja nas favelas, seja nas escolas, seja nas penitenciárias, seja nas quadras de esporte, seja nas clínicas de recuperação de dependentes químicos. Onde há um filho de Deus sorrindo ou sofrendo, lá estão a Cruz e o Ícone, mostrando que Jesus e Maria, e com eles, toda a Igreja, não os abandonaram.
E se toda essa mobilização – sem precedentes na história da Igreja do Brasil – já é uma grande graça em si mesma, pensemos nos frutos que podem vir dela! Alguns são mais ou menos visíveis e palpáveis: as igrejas cheias, a mensagem do Evangelho mais amplamente divulgada, novas vocações suscitadas, o espírito missionário renovado. Há inclusive frutos econômicos: a JMJ Madri terminou com lucro de 200 milhões de dólares. Mas os frutos mais importantes só Deus os conhecerá: os corações convertidos.
O arcebispo de Madri, Dom António Rouco Varella, disse, alguns meses antes da JMJ, que o evento seria um grande Pentecostes. O que se passou na capital da Espanha confirmou suas palavras. A Jornada Mundial da Juventude é um Pentecostes porque reúne, como no evento ocorrido há quase dois mil anos, povos de todos os cantos, de todos os idiomas, mas que se vêm como irmãos, pois formam uma comunidade de fé e de amor. Mas, mais do que isso, a JMJ é um grande Pentecostes porque é uma oportunidade para abrir o coração ao Espírito Santo para se converter, para descobrir o amor de Cristo e se transformar em discípulo missionário. No Rio de Janeiro, esse impulso à missionariedade deve ser ainda mais forte, pois está até no lema: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”.
Com tudo isso, a Jornada Mundial da Juventude mostra ao mundo que a mensagem de Jesus Cristo é sólida, viva e contagiante. Mostra que a Igreja tem um rosto risonho, acolhedor e jovem. Realizá-la no Rio de Janeiro é uma grande graça para todo o povo brasileiro.

Por Moisés Nazário - publicado originalmente pelo site oficial JMJ Rio2013

Pastoral Afro-brasileira da CNBB prepara Congresso

Pastoral Afro-brasileira da CNBB prepara o Congresso das Entidades Negras Católicas


Com o tema “A Pastoral Afro-brasileira e os desafios do século XXI”, a Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e da Paz, da CNBB, e a Pastoral Afro-Brasileira, promovem o Congresso das Entidades Negras Católicas, de 9 a 12 de fevereiro de 2012, em Londrina (PR). O evento tem a parceria do Instituto Mariama (IMA) e o GRENI/CRB/Nacional.
Segundo o assessor da Pastoral Afro-brasileira, padre Jurandyr Azevedo de Araújo, o objetivo do encontro será “refletir a ação social e eclesial dos afro-brasileiros no período pós-Vaticano; favorecer o maior conhecimento dos desafios do século XXI à luz do Vaticano II; compreender a importância da espiritualidade litúrgica na missão do agente de pastoral afro-brasileiro; refletir a incidência das demandas dos afro-brasileiros nos programas de Estado; resgatar a memória de personalidades afro-brasileiros importantes na história e na Igreja do Brasil”, destacou.
O Congresso das Entidades Negras Católicas, acontece a cada três anos e tem um tema de referência e estudo. “Num contexto de mudança de época, queremos aprofundar as linhas mestras da missão da pastoral afro-brasileira em comunhão com as comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II. Queremos assumir desafio de intensificar a ação comprometida com os negros e negras que permanecem a margem da sociedade em situação de vulnerabilidade social. Compreender a importância da espiritualidade litúrgica e a opção feita pelo Concílio Vaticano II por uma liturgia - caminho espiritual que alimenta a vida cristã - para que as nossas celebrações sejam, cada vez mais, ação inculturada da Igreja. O VII Congresso se constitui um momento de encontro das entidades que agregam os negros católicos na perspectiva da formação, troca de experiências entre as lideranças e celebração da caminhada”, afirma a carta convite enviada aos Regionais da CNBB.
O Congresso é destinado aos bispos e os bispos da Pastoral Afro-brasileira; para 10 líderes da Pastoral Afro-brasileira de cada Regional da CNBB, indicados pelos agentes referenciais em cada Regional; professores de escolas de formação, membros das Pastorais da CNBB, membros das entidades parceiras e convidados pelas entidades promotoras.
A pastoral Afro-brasileira pede que cada participante estude o texto-base publicado. “É recomendável que seja feito no seu respectivo grupo este estudo para trazer uma contribuição mais ampliada”, destacou o padre Jurandyr.
As inscrições poderão ser feitas até o dia 20 de janeiro de 2012 e deverão ser feitas exclusivamente por meio da pessoa referencial em cada estado e/ou Regional.

Fonte: CNBB.org.br

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Encontro debate as DGAE e a JMJ 2013




A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está promovendo o “2º Encontro Nacional de Responsáveis Diocesanos e de Assessores da Juventude”. O evento acontece de 1º a 4 de dezembro, em Vargem Grande Paulista (SP).
“Estamos contando com a presença dos bispos referenciais regionais da juventude, dos sacerdotes, religiosos (as) ou leigos (as) que assumem o ministério de assessoria dos diversos movimentos eclesiais, Novas Comunidades, Pastorais da Juventude e Congregações Religiosas”, convidou o presidente da Comissão, dom Eduardo Pinheiro.
Este 2º Encontro visa estudar as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), aprofundar o Documento 85 da CNBB “Evangelização da juventude - Desafios e perspectivas pastorais”, partilhar as realidades de evangelização das juventudes, explanar sobre os encaminhamentos da Jornada Mundial da Juventude 2013 e do projeto “Bote Fé”.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

“Porque em vós está a fonte da vida, e é na vossa luz que vemos a luz”. Salmo 35




Meu Deus! Estava tudo certo, por que foi acontecer isso? Que desespero, que dor imensa. Um aperto no peito, que corre pela espinha e se transforma em angústia. Parece ter mil abismos diante de mim.
Já estive assim e conheço pessoas que estão assim. Saiba que o mundo pode nos acostumar, nos acomodar e com isso, nos desabilitar para as ações. É preciso largar os fardos e buscar a "fonte da vida". No versículo 10 do salmo 35 podemos ler "é na vossa luz que vemos a luz" assim, é no conhecimento e na prática do amor de Cristo que nos alimentamos e só assim podemos ver luz sobre o sofrimento.
O amor transforma pela prática e não simplesmente pelo pensar e sentir. Em sua prática pode se dizer: o amor vence o câncer, a solidão,a pobreza e o mal, ele age em um processo contínuo de transformação ou melhor, de nutrição.
Talvez esteja se perguntando, como ver pela luz de Cristo? Como agir pelo amor?
Não é fácil, mas é possível o amor, porém, é preciso uma ação imediata. É necessário assumir Jesus Cristo e passar a praticar todas as coisas sob sua luz. A luz da mansidão para olhar as coisas não como um castigo, mas como parte de uma obra maravilhosa de vida. A luz do perdão que restabelece o sentimento filial de criatura, a imagem e semelhança com Pai. A luz da fé que te permite realizar o impossível em você e principalmente no próximo. A luz do louvor que renova seus pensamentos, sentimentos e impede que vacile. A luz do louvor permite que contemple sempre a face iluminada de Jesus Cristo.
Coragem. A paz esteja contigo!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A sociedade dos perfeitos




Aqueles que exigem perfeição dos outros exigem algo que também não têm


Na sociedade dos perfeitos, ser imperfeito está fora de moda. Ao ligarmos a televisão ou acessarmos a internet, encontramos protótipos de pessoas perfeitas. Seres humanos imperfeitos maquiados com aparência sagrada. Uma forte tendência dos tempos atuais é a exigência de que o outro seja perfeito. Esta marca de nossa época vem disfarçada com o nome de “falta de paciência”: “Não tenho paciência com as pessoas de minha família”, “Sou extremamente impaciente com meus colegas de trabalho”, “Meus pais não são do jeito que eu quero”... Frases como estas são mais comuns do que ousamos imaginar.
Exige-se a perfeição do outro a qualquer custo. Pessoas que se consideram perfeitas exigem que seus irmãos e irmãs também o sejam. Caso isso não ocorra, as brigas e decepções acontecem em níveis agressivos.
No tempo de Jesus não era diferente. Os fariseus, escribas e mestres da Lei, responsáveis pelo cuidado do templo e, consequentemente, pela formação religiosa do povo, consideravam-se perfeitos. Julgavam ter atingido um grau de plenitude tal que se achavam no direito de catalogar as impurezas do povo de acordo com normas e critérios religiosos que oprimiam o ser humano.
Jesus percebeu a hipocrisia contida nos gestos e atitudes destes pretensos perfeitos. Estes exigiam que os fiéis carregassem pesados fardos e cumprissem normas que beneficiavam apenas a eles próprios.
Aqueles que exigem perfeição dos outros se esquecem de que também são imperfeitos. Muitas vezes exigem algo que nem eles próprios conseguem cumprir. Ocupam, inconscientemente, o lugar de Deus. Tornam-se juízes: julgam, condenam e decretam a sentença. O outro, raras vezes, tem a chance de defesa, tendo em vista que, na maioria dos casos, o julgamento vem embrulhado em presentes perfeitos.
Quando falamos de imperfeição entramos em contato com nossas próprias imperfeições. Esbarramos em nossos próprios limites e falhas. Uma atitude farisaica descarta a imperfeição e se reconhece canonizado. Os grandes santos nunca se consideraram santos em vida. O que os tornou santos foi a humildade com que se revestiram. Reconciliados com sua própria humanidade, estes homens e mulheres que hoje são venerados nos altares, transformaram as imperfeições em degraus para a santidade. No pecado que estava impresso em seu DNA humano, eles se revestiram da força de Cristo. Viram no Mestre o caminho para a humildade, o serviço e a doação ao próximo.
Respeitar o processo de caminhada de cada pessoa é fundamental para quem deseja construir hoje seu caminho de santidade. Quem não aprendeu a respeitar as imperfeições do outro, dificilmente irá conhecer o caminho da humildade que o guiará à paz interior.
Jesus compreendia as imperfeições humanas. Ele sabia que a natureza que nos reveste precisava ser purificada não por rituais de exclusão, mas sim por rituais de inclusão. Cristo incluía no Seu amor os excluídos do amor dos outros.
Somente quem compreendeu que tão imperfeito quanto o outro é ele mesmo, descobriu o caminho para o amor e a santidade manifestada no cotidiano dos sentimentos.

Pe. Flávio Sobreiro
Vigário da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Cambuí (MG)
Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre(MG)
Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP

Fonte: cancaonova.com

Símbolos da JMJ vão onde os jovens sofrem



O Beato João Paulo II entregou a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora aos jovens para que eles os levem ao mundo todo anunciando o Evangelho. No Brasil, multidões têm ido ao encontro dos dois Símbolos da Jornada Mundial da Juventude nas catedrais, nos colégios e nas ruas. No trajeto que começou no dia 18 de setembro de 2011, em São Paulo, e que prosseguirá pelo Brasil por quase dois anos, até a JMJ Rio2013, a Cruz e o Ícone também visitaram locais de sofrimento e de esperança como presídios, a Cracolândia e casas de recuperação de dependentes químicos. Em cada um desses locais, a presença da Cruz foi a certeza de que Cristo caminha junto da juventude que sofre.

Segundo o Catecismo, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento com sua morte na cruz para “configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora." (Catecismo da Igreja Católica, 1505). Esses locais de peregrinação, ao serem recordados, reafirmam em nós a necessidade de buscar um mundo com maior solidariedade e fraternidade em especial para a juventude, grande vitima da violência no Brasil.

Na Favela e na Cracolândia
Em uma procissão com a oração do rosário, jovens percorreram em 19 de setembro, um dia após a chegada oficial da Cruz e do Ícone no Brasil, as ruas do centro de São Paulo.
Durante a procissão, a Cruz Peregrina entrou na Favela do Moinho, na capital paulista. Os jovens tiveram que passar debaixo de uma ponte e atravessar a linha férrea com a Cruz para entrar na comunidade carente. Enquanto passavam entre os inúmeros barracos da favela, com velas acesas, a juventude entoava o hino da JMJ de 2000, “Emmanuel”.
“Esta música expressa o que estamos vivendo aqui neste momento. É o Emanuel, o Deus Conosco que vem ao encontro dos mais sofredores”, afirmou, emocionado, dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar de São Paulo e referencial do Setor Juventude Arquidiocesano, que acompanhou toda a caminhada. Dom Tarcísio convidou os moradores da favela a se aproximarem e tocarem a Cruz.
Depois de deixar a Comunidade do Moinho, a Cruz seguiu para uma das regiões mais precárias da cidade, a chamada Cracolândia. O símbolo da JMJ passou por uma rua tomada por centenas de usuários de crack espalhados pelas calçadas. Enquanto um dos jovens conduzia um momento de oração, ouviu-se do meio dos usuários alguém que disse: “Jesus morreu na cruz por mim”. Apesar de visivelmente alterados pelo efeito da droga, alguns acompanharam a oração do quinto mistério doloroso do rosário, chegando a recitar a “Ave-Maria”. Em seguida, abriram espaço para que a Cruz continuasse sua caminhada.
O vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da arquidiocese de São Paulo, padre Julio Lancellotti, afirmou que a peregrinação da Cruz pelas ruas da cidade de São Paulo deve ser um sinal de compromisso da Igreja para com os que sofrem. “É a Cruz indo ao encontro dos crucificados, é a vida indo ao encontro da morte. É o amor indo ao encontro da dor”, disse.

Lixão
Na cidade de Itaquaquecetuba, diocese de Mogi das Cruzes, os Símbolos foram levados a um aterro sanitário, ao redor do qual vivem várias famílias em situação de grande pobreza.

Dores juvenis
No dia 26 de setembro, durante a peregrinação dos símbolos da Jornada pela cidade de Cubatão, que faz parte da diocese de Santos, os jovens apresentaram uma peça teatral, em que foram mostradas algumas das cruzes que a juventude carrega: violência, fome, desemprego, drogas, intolerância.

Comunidade terapêutica
A Cruz e o Ícone foram levados no dia 7 de outubro em carreata para uma missa até a comunidade terapêutica Mãe da Vida, em Itapeva (sul do estado de São Paulo), que cuida de homens e mulheres em processo de recuperação de dependência química. O padre, durante a homilia, lembrou aos presentes que somente com a ajuda de Deus é que conseguimos suportar nossas cruzes. A Cruz e o Ícone de Maria, juntamente com visitantes e religiosos proporcionaram aos internos momentos inesquecíveis de muita alegria e um auxílio valioso nesse processo que estão vivendo.

“Estive preso e vieste me visitar” Mt 25, 36
Em 21 de outubro, duas penitenciárias em Serra Azul, na arquidiocese de Ribeirão Preto (norte de São Paulo) receberam a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora. Em um trabalho conjunto entre a Pastoral Carcerária e o Setor Juventude, os símbolos da JMJ e o Evangelho de Cristo chegaram aos detentos, como forma de garantir que os direitos humanos e dignidade humana sejam garantidos no sistema prisional. O Complexo de Detenção Provisória de Suzano, na diocese de Mogi das Cruzes, também já o havia recebido em 25 de setembro.
No dia 28 de outubro, os internos da Fundação Casa Dom Hélder Câmara, em Franca, também receberam a visita dos Símbolos da JMJ. Durante a visita, eles rezaram, carregaram a Cruz e o Ícone e apresentaram uma peça teatral sobre a luta contra as drogas e a violência.
“Quando eles não estiverem mais na Fundação, queremos encontrá-los na Jornada no Rio de Janeiro”, comentou o padre Ovídio de Andrade, coordenador da Pastoral do Menor.